É incrível ver como é a relação do técnico do time de amarelo com a imprensa. Isso só me faz pensar que é por pura ineficiência da assessoria de imprensa da CBF. Claro, porque o Dunga não é pago para isso, muito menos obrigado a saber como se faz. Faltou orientação.
É impossível que um problema que persiste há quase quatro anos não tenha sido assunto entre os homens de marketing e de comunicação da referida entidade. Se o Dunga fosse bem orientado, ele saberia que ao abrir um treino menos importante para a imprensa e sendo pelo menos cordial nas entrevistas, ele não estaria fazendo favor nenhum para os jornalistas, mas sim se comunicando com o povo brasileiro. Povo este que está ávido por notícias dos seus representantes maiores.
Se houvesse estratégia de comunicação, Dunga saberia que deveria se comunicar mais com o “seu povo”. E mais, saberia que a melhor maneira de fazer isso é por meio da imprensa. Ele saberia também que mantendo um relacionamento saudável com os jornalistas, a imagem dele seria melhor perante os brasileiros.
Se eu fosse assessor do Dunga teria preparado um discurso para ele no dia da convocação. O tom não seria de desafio, como aconteceu. O foco seria na união e apoio de todos os brasileiros em torno do seu maior símbolo, a seleção (que hoje eu chamo de time de amarelo). Alguma coisa mais ou menos assim: “Se perguntassem para cada um dos brasileiros quem deve ir para Copa teríamos, certamente, 180 milhões de listas, uma diferente da outra. Como foi me dada essa responsabilidade, escolhi aqueles que acredito ter plena capacidade e que querem estar lá representando o povo brasileiro. Tenho certeza que não agradei a todos. Mas agora este é o time do Brasil e quero que seja de todos os brasileiros. Peço agora a confiança e a torcida de todos, pois somente desta forma, com a energia positiva de vocês, conseguiremos chegar longe nesta Copa”.
Pronto. Ele já teria ganhado a simpatia de quase toda a nação. Ele e a CBF não souberam criar um clima de comunhão do time com o povo. Coisa que aconteceu com os nossos hermanos argentinos. Acho que muito mais pelo que o Maradona representa para eles do que pela sua simpatia e capacidade, mas de qualquer forma, conseguiram.
Não seria difícil ganhar a imprensa brasileira, mas Dunga e os que o orientam preferiram a arrogância. Existe imprensa mais ufanista do que a brasileira quando se trata de seleção? Não, claro que não. Era só trata-los um pouco melhor.
Ideias é o que não faltam. Se o clime era de desconfiança, que chamasse os principais jornalistas para uma reunião informal, um churrasco gaúcho comandado pelo Dunga, porque não? Lá eles conversariam em tom informal e Dunga ganharia a simpatia e confiança dos colegas. Muitos se tornariam até aliados. É um exemplo, mas existem várias formas de fazer isso, é só usar a criatividade. Até a criação de um blog ou um twitter ajudaria.
É dessa forma que se constrói uma imagem. Mas é um trabalho longo, que deveria ter sido planejado e durado quatro anos. Agora passou, já foi. Fica a lição para o próximo técnico. Quem sabe eu não volto a chamar o time de amarelo de seleção.
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