segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Saudades

Meu aniversário ainda está um pouco longe, mas esta época do ano nos faz lembrar de coisas do passado e realizar balanços de nossas vidas. Já escrevi uma extensa (mas resumida) retrospectiva do ano. Não vou mais tocar neste assunto, afinal, acabou né? Mas nesses últimos dias eu me peguei pensando e relembrando coisas incríveis que eu vivi. Na verdade são memórias que eu não gostaria que fossem memórias, tempos que eu gostaria que nunca passassem e coisas que eu queria viver para sempre, porém a vida não é assim.

Sim, eu tenho saudades. Tenho saudade de quando eu tinha 17 anos e do meu Fusca vermelho. Na verdade sinto falta das coisas que vivemos juntos. Lembrei do dia em que coloquei uma banda inteira dentro do carrinho, incluindo uma bateria, dois amplificadores, minha guitarra, um baixo e mais três pessoas! Não me lembro onde fomos tocar, nem mesmo se o show foi bom, mas tenho vivo na minha memória toda a engenharia que fizemos para literalmente enfiar tudo no carro.

Aí lembrei das tardes de domingo ensaiando Sweet Child o' Mine e das músicas que eu escrevia junto com o Jonas (por onde será que ele anda heim?). Paralelo a isso, tenho saudades das manhãs de domingo no grupo de crisma da igreja. Conheci tanta gente bacana, vivi tanta coisa nessa época que não tem nem como começar a falar aqui. Foi lá, neste grupo, que eu aprendi muita coisa e que me faz ser a pessoa que sou hoje. Acho que se não fosse este período da minha vida, eu teria muito mais defeitos do que tenho hoje.

Tenho saudades da minha terceira banda. Da formação que tinha um japonês maluco tocando teclado. Tocamos em muitos lugares, mas um deles não vai sair nunca da minha memória. Foi a última e única vez que tocamos Light my Fire do Doors. Foi muito surreal aquilo, pelo menos para mim. Escutar as primeiras notas do teclado foi de arrepiar. E na parte do solo quando o vocalista, Tiago, desceu e foi buscar uma cerveja foi impagável. Uma coisa maluca, totalmente maluca.

Taí outra coisa que tenho saudade, do Tiago. Amigo de infância que eu fui obrigado a me afastar mais ou menos nesta época. Tá certo que ele fez de tudo para que isso acontecesse e conduziu as coisas (o fim da banda) da pior maneira possível. Na verdade quem deu um fim na banda, de forma indireta, fui eu. Mas não queria perder aquele quase irmão, mesmo com todos os seus defeitos e a falta de vontade de ser uma pessoa melhor. Eu poderia ter feito diferente. Ele também.

Tenho saudade de quando acordava domingo de manhã para ir ensaiar em um estúdio que cheirava mofo (mas era barato). Isso não faz tento tempo assim. Uns três ou quatro anos, mais ou menos. Foi a minha melhor fase de “quase músico”. Eu fazia letras, músicas e arranjos e os membros da banda achavam ótimas. O resultado final também era bom, quem escutava dizia isso. Mas a idade chega, os compromissos aumentam e isso teve que ser deixado de lado por todos nós. Mesmo contra a nossa vontade.

Hoje eu olho minha guitarra dentro do case e não tenho coragem de ligá-la. Estava com uma saudade enorme do meu violão, acho que ele não saia do case há mais de um ano. Confesso que demorei um tempão para afiná-lo, estou perdendo a prática. No final meus dedos ficaram doloridos (também tenho saudade dos calos deixados pelas cordas, que impedem também este tipo de incômodo), mas valeu a pena. Ali, sozinho, toquei todas as músicas que eu lembrei, cantei para mim mesmo, mas lavou minha alma.

Sei que nada disso volta mais. Mas lembro com carinho. Definitivamente, tenho boas memórias da minha história de músico frustrado.

2 comentários:

  1. Eu também já tive bandas. E também tenho saudade da época.

    Estudei música dos 12 aos 14 anos e tocava contrabaixo numa banda com meus primos e dois amigos. Ficamos nos covers mesmo.
    Tive outras, mas nunca foram pra frente.

    Hoje eu nem sei mais afinar o baixo, para vc ter uma ideia. Seria legal voltar a tocar.
    A música liberta a alma.

    ResponderExcluir
  2. É amigo, que época boa é essa de quando reúnimos uma galera pra tocar numa banda. Tenho minha banda desde 2008, aproveito todo tempo que temos juntos pra ensaiar, criar letras, arranjos novos, idéias novas, pois sei que não durará para sempre e que na medida que evoluímos nosso som e nos unimos mais ainda, os compromissos vão afunilando nosso tempo... Mas Deus tem um plano na vida de cada um de nós, e cabe mesmo é aproveitar os momentos para termos bons frutos e boas lembranças no futuro.

    ResponderExcluir