Ontem, 7 de abril, foi o Dia do Jornalista. A profissão que eu escolhi para viver, mas que me consome dia após dia. Ser jornalista é viver a profissão 24 horas por dia, assim como outros profissionais nobres, como médicos, por exemplo. Não há opção de desligamento. Não existe horário. Muitas vezes nem salário digno. Ser jornalista é sobretudo ser um apaixonado. Não pela profissão. O jornalista de verdade adora dizer que odeia ser jornalista. Mas pergunte se ele vive sem? É uma relação intensa de amor e ódio. Para mim ser jornalista é viver.
Por que escolhi esta profissão? A resposta é fácil. Tomei esta decisão entre 1993 e 1996, mais ou menos. Tinha 12 anos, mas ela era já naquela época, faltando tanto tempo para a escolha definitiva, irrevogável. Vou contar como foi o processo.
Eu ia para a escola todos os dias de ônibus. Estudava de manhã e tanto o ponto como a condução eram cheios. Chegava por volta das 6h20 para esperar a linha 3771 - Metrô Carrão/Jardim Imperador (confesso que não sei se existe mais). Enquanto ele não vinha, o que me distraia era ler as manchetes dos jornais na banca vizinha ao ponto.
Eu tinha o meu preferido. Lia todas as manhchetes, absolutamente todas. Ficava torcendo para o ônibus não chegar antes de eu terminar. Qual era esse jornal? O inesquecível Notícias Populares. Aqueles títulos eram demais. E antes que os preconceituosos venham dizer: "torce e sai sangue", tenho que dizer que quem acha isso não entendeu a proposta dele. Ali era jornalismo feito para o povo. Se falava de economia, de problemas da cidade e, claro, de violência também. Era sensacionalista? Talvez. Mas era popular.
Me lembro até hoje de vários. Em um deles, na matéria sobre o aumento de um imposto, não lembro qual agora, era assim: "Governo tira do dele e põe no do trabalhador". Não vou lembrar de cor de muitos daquela época. Tem uns mais recentes. Quando o Brasil perdeu para a França em 1998: "Penta que partiu". E aquela, já da fase decadente do jornal, mas não menos sensacional, no dia seguinte após o apagão em 1999. A página toda preta escrito: Puff.
Ali, todos os dias durante esses três anos lendo essas manchetes eu decidi que era aquilo que eu queria fazer. Eu queria bolar aqueles títulos. Na minha cabeça aquilo deveria ser um trabalho sensacional. Eu sabia que não era fácil, precisava de muita criatividade, mas estava decidido. Desde então já sabia que seria jornalista. Infelizmente o Notícias Populares morreu antes de eu me formar. Mas mesmo assim sou feliz onde eu trabalho hoje. E graças a este sensacional jornal!
Momento saudosista, NP... nossa! Sua história é bem mais legal que a do porque eu quis ser jornalista... mas uma coisa é certo, a gente tira sarro do que somos e muitas vezes damos a enteder que detestamos, mas não me vejo sendo outra coisa se não jornalista e isso diz tudo!
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ResponderExcluirAh, tem um jornal aqui em PE, opa o nome dele é AquiPE (hehehehe...), que bolou duas manchetes que nunca mais esqueço:
ResponderExcluir1 - Bebeu, caiu e não levantou mais: falando de um bêbado que caiu em uma vala e morreu afogado;
2 - Quem vai levar o milhão e meio: em uma das finais do BBB. Ao fundo, tinha a arte de um milho grande e outro pela metade.
=*
Você falou bem. A gente tem raiva da profissão, mas não conseguimos viver sem ela.
ResponderExcluirEu só decidi que seria jornalista aos 40 do segundo tempo. Tinha 17 anos e estava terminando o colegial. Em outubro de 2007 eu resolvi que faria o vestibular para jornalismo.
Levei pouco mais de um ano para saber se seria jornalista mesmo ou não. Descobri isso na Folha Dirigida.
Há alguns dias um dos meus professores me disse que eu vou "dar para um bom jornalista". Espero que ele não esteja certo. rs